O cinema para uma luta anti-racista
14 a 20 JAN / 18.00, Padrão dos Descobrimentos
Alargando o debate iniciado em Outubro, o Doclisboa propõe à SOS Racismo a construção e apresentação de um programa a decorrer em Janeiro no Padrão dos Descobrimentos
Com o advento da democracia, seria desejável que a “raça” e o legado colonial não permanecessem como marcadores políticos definidores do lugar do sujeito político na nossa vida colectiva. Infelizmente, estas circunstâncias ensombram as relações sociais, políticas e económicas e determinam a gestão democrática da nossa sociedade.
Uma espécie de jogo de espelho retrovisor mantém uma forte ligação umbilical entre o projeto político do passado e do presente. A circunstância política e social de hoje ancora-se ainda substancialmente no imaginário colectivo que herdámos do processo colonial, pois determina todas as relações de poder e o lugar do sujeito político racializado na nossa democracia. Através do espelho do presente, continuamos a espreitar pelo retrovisor do passado em busca de raízes e sentidos para a condição da nossa democracia hoje. Esta ligação com as dinâmicas contemporâneas herdadas dos processos históricos da construção da identidade nacional conflui na constituição do sujeito político nacional que tende a excluir o sujeito racializado do tecido nacional.
Com o olhar cinematográfico do passado e do presente, aliamos a contestação do velho mundo e a refutação do seu projecto de sociedade à proposta de um outro mundo. Pois o retrovisor do tempo que passou e o espelho do presente que nos liga ao passado esconjuram a distopia que sobreviveu às utopias de um mundo sem racismo.