Duas mãos colocam uma fotografia diante da objectiva. Esta é tão violentamente iluminada dos dois lados que é impossível discernir qualquer imagem. Só a sombra provocada pelas mãos que se deslocam permite revelar o que a luz esconde. Aos poucos, aparece, de costas, uma multidão reunida. Estamos a 20 de Março de 1956, dia da independência da Tunísia. Não ver, tocar, descobrir, fragmento, totalidade, autobiografia, história, indivíduo, multidão, luz, sombra, imagem fixa, imagem em movimento, como se compreenderá, trata-se de entrelaçar esta sequência heterogénea sem ter a pretensão de lhe pôr termo.
Apparition
Ismaïl Bahri
2020
França
3’