Joana de Sousa conversa com Amber Bemak

Amber Bemak é a realizadora de 100 Ways to Cross the Border.

 

 

Quem é, para ti, Guillermo Gómez-Peña?

É um artista incrível, um escritor, um filósofo cujo trabalho admiro.

 

Questionas a estrutura de poder que existe na tua relação, enquanto realizador, com Guillermo, enquanto tema do filme. Quão importante foi isso para ti?

Tem sido um aspecto importante em todo o meu trabalho, desde que comecei a fazer filmes aos vinte anos de idade. De certo modo, essa questão foi a bússola e o ponto de partida do meu interesse e da minha práctica em cinema documental. Acredito que, dada a história e a violência contínua dos media representacionais, é importante incluir esta questão de poder e cinema em todos as obras em que me envolva. Este filme não é excepção e, felizmente, porque o Guillermo enquanto protagonista também trabalha esta questão criativamente, pudemos jogar com isso.

 

O conceito de fronteira tem estado presente em grande parte da tua obra. Que significado lhe atribuis?

Dei por mim a trabalhar a ideia de fronteira possivelmente por ter vivido longos períodos em países onde não nasci, e assim a interagir com as fronteiras dos países, da língua, etc. O meu trabalho mais dramático sobre uma fronteira física foi filmar para e colaborar com Tejal Shah, no seu projecto épico Between the Waves, na fronteira indo-paquistanesa – o Grande Rann de Kutch. Estava a filmar uma cena em que duas pessoas queer tinham relações sexuais de modo extremamente não-convencional, quando fomos apanhados pela polícia fronteiriça; os protagonistas estavam nus, e eu e o resto da equipa tínhamos uma série de câmaras, que eram proibidas na zona da fronteira. Vou deixar esta história em suspense sobre o que aconteceu depois de sermos apanhados, porque é uma história demasiado longa para contar.