Poucos cineastas são tão livres como Manoel de Oliveira. Poucos são igualmente loucos. Mon cas ultrapassa os limites do razoável. Com plena consciência. Recorrendo à peça homónima de José Régio, um excerto de Pour finir encore et autres foirades, de Beckett, e ao bíblico Livro de Job, Oliveira tritura tudo. E, contrariamente ao que lhe é habitual, mas na linha da grande confusão geral, esquece os planos-sequência e multiplica os cortes. Ao serviço desta mise en abîme, mais inibida do que amachucada, um elenco francês excepcional, encabeçado pela bênção de Luis Miguel Cintra.
My Case
Mon cas
Manoel de Oliveira
1986
França, Portugal
90’