6.doc’23 Legados – Margot Dias | Pina Bausch

Margot, de Catarina Alves Costa (2022, Portugal, 72’), e Dancing Pina, de Florian Heinzen-Ziob (2022, Alemanha, 112’), filmes que marcaram presença na vigésima edição do Doclisboa, voltam esta semana às salas, numa iniciativa conjunta do festival e do Cinema Ideal, onde serão exibidos de 30 de Março a 5 de Abril. Margot dará início ao ciclo com uma sessão no dia 30 de Março, quinta, às 19h00, a que se seguirão sessões, no mesmo horário, nos dias 1, 3, e 5 de Abril (sábado, segunda e quarta). Dancing Pina, por sua vez, terá sessões, também sempre às 19h00, nos dias 31 de Março, 2 e 4 de Abril (sexta, domingo e terça).

Margot é um filme revelador: da vida de uma antropóloga, Margot Dias, que entre 1958 e 1961 integrou quatro missões etnográficas ao extremo Norte de Moçambique, que filmou e gravou centenas de minutos, registos visuais e sonoros únicos da cultura makonde. A mulher por detrás dos registos destas viagens – a sua juventude na Alemanha dos anos 1920, o seu casamento com o etnólogo português Jorge Dias e as missões que fizeram juntos à então colónia portuguesa – é apresentada através do reencontro com os makondes de hoje, na devolução que lhes é feita das imagens, e em simultâneo pelo olhar da realizadora, que procura o olhar da outra realizadora, que conheceu no fim da sua vida.
A sessão de dia 30 de Março será apresentada pela realizadora, Catarina Alves Costa, que voltará a estar presente na sessão de dia 1 de Abril para uma conversa – sobre o filme após a sua projecção – com Miguel Vale de Almeida, antropólogo e Professor universitário.

Dancing Pina apresenta a transmissão – entrelaçada no filme – de duas peças de Pina Bausch, Ifigénia em Taurida e A Sagração da Primavera. É-nos dado ver como a sul-coreana Sangeun Lee, primeira entre as bailarinas da Semper Ópera de Dresden, torna verdadeiramente seu e interioriza o legado de Pina Bausch, par a par com a comunicação e o ensaio d’ A Sagração da Primavera por um corpo de bailarinos africanos, de várias nacionalidades, que assim tomam em si – na Escola das Areias no Senegal – e reanimam o ritual da peça. Sendo que nunca há lugar à tentativa de imitação, a intimidade e a empatia destas passagens, no estudo das coreografias, é palpável – e possui a beleza própria de um autêntico reavivar.
A primeira sessão no Cinema Ideal, no dia 31 de Março, será apresentada por José Sasportes, escritor, historiador da dança e ex-Ministro da Cultura.

O 6.doc é um projecto fruto de uma colaboração estreita entre o Doclisboa e o Cinema Ideal, que visa levar às salas filmes programados na última edição do festival.