A Morte de uma Cidade, de João Rosas (Portugal, 2022, 116’), e Dreaming Walls, de Amélie van Elmbt e Maya Duverdier (Bélgica, França, EUA, Países Baixos / Suécia, 2022, 80’), poderão ver-se de novo no cinema na segunda volta do 6.doc deste ano, uma iniciativa conjunta do Cinema Ideal e do Doclisboa, cujo fito é renovar a oportunidade de ver em sala filmes que marcaram presença na edição anterior do festival.
Os filmes serão exibidos de quinta-feira, 25 de Maio, a terça-feira, 30 de Maio, sempre às 21h15 no Cinema Ideal: A Morte de uma Cidade abre esta ronda do 6.doc na quinta-feira, dia 25 de Maio, e voltará a ser exibido no sábado, 27 de Maio, e na segunda-feira, 29 de Maio. Por sua vez, Dreaming Walls, volta às salas na sexta-feira, dia 26 de Maio, poderá rever-se no domingo, 28 de Maio, e ainda na terça-feira, dia 30 de Maio.
A Morte de uma Cidade, de João Rosas (Portugal, 2022, 116’), oferece amplo alimento a pensarem-se questões que brotam, hoje-em-dia, com a força da existência quotidiana na cidade a mãos com a morte de um certo modo de vida. O filme mostra os riscos do atenuar e eventual desaparecimento do que usou chamar-se de “génio do lugar”: o que dá carácter, valimento, e verdadeiro ânimo, ao que de outra maneira seria apenas mais um sítio igual a tantos outros. É precisamente aquele desaparecimento que A Morte de uma Cidade capta; logo no início, ouvimos: “… e havia dias em que Lisboa parecia viver no seu último estertor. Mas como filmar essa sensação de prenúncio de trovoada sobre os céus da cidade?”. O filme não nos deixa à míngua: as imagens reanimam, no seu ritmo e sequência – em quem as vê – aquele alento dos lugares.
As sessões de quinta-feira, 25 de Maio, e de sábado, 27 de Maio, contarão com a presença do realizador do filme, João Rosas.
Trailer disponível aqui.
Dreaming Walls é uma balada visual ao Hotel Chelsea, lugar mítico – “…todos os imortais do século XX, num ou noutro momento terão estado no Chelsea…” – que, dir-se-ia, é quase tão icónico como os afamados hóspedes do seu passado, entre os quais Patti Smith, Jim Morrison e Robert Mapplethorpe. Dreaming Walls balança entre a fantasmagoria palpável – na atmosfera, no recordar e reviver do passado de um lugar repleto de aura – e a indignação e o questionamento: os 51 residentes que o habitam, e que têm vivido com o distúrbio de 8 anos de obras de transformação do Chelsea em hotel de luxo, estão a mãos com a convulsão iminente. Às vezes só lhes resta refugiarem-se nos seus quartos; tal agastamento não impede, no entanto, que o filme analise as origens – utópicas – que contribuíram para o estatuto do Chelsea Hotel, e, bem assim, que se interrogue sobre os desafios futuros.
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