DOCLISBOA E MÁRGENES ANUNCIAM OS PROJECTOS SELECCIONADOS PARA A 6ª EDIÇÃO DO PROGRAMA RAW: RESIDÊNCIAS ARCHÉ→WORK

Lisboa, 20 de Setembro de 2024

Foram anunciados os projectos que vão participar na 6ª edição do programa RAW: Residências Arché→Work, no contexto do Doclisboa e do festival madrileno Márgenes, uma iniciativa da Apordoc — Associação Portuguesa pelo Documentário e da Cine en Ruta (Espanha).

Marea roja, de Natalia Labaké (Argentina); Las palabras, de  Paolo Tizón (Perú); e La calle de las luciérnagas, de Juan Álvarez (Uruguai, Espanha) são os seleccionados na área de Criação. Buti, de Marc Torres (Espanha); Olhares eróticos: Crítica feminista diante do sexual no cinema brasileiro, de Barbara Bello (Brasil); e La educación sentimental en el cine de Lourdes Portillo, de Arantxa Luna (México) foram os escolhidos entre as propostas apresentadas para Crítica e Investigação.

O RAW é um programa de desenvolvimento criativo e de formação dirigido a projectos independentes de longas-metragens em diferentes fases de produção, assim como a jovens investigadores e críticos da área do cinema de não-ficção provenientes da América Latina, Espanha, Portugal e Itália. A edição deste ano terá lugar entre os dias 20 de Outubro e 30 de Novembro.

O programa inclui actividades como workshops, sessões de tutoria individuais, sessões de apresentação de projectos, encontros com especialistas da indústria e networking. Durante o período de residência, os participantes terão a oportunidade de trabalhar e aprofundar os seus projectos com a tutoria de profissionais do cinema, como a montadora e realizadora Patrícia Saramago e a investigadora Stefanie Baumann.

Todos os projectos seleccionados terão um acompanhamento intensivo no âmbito do programa ARCHÉ (laboratório de desenvolvimento de projectos do Doclisboa) e do MÁRGENES/WORK (programa de apoio ao talento cinematográfico e à criação audiovisual do Márgenes), e também durante a residência artística que decorre em Lisboa entre os dois eventos.

Este ano, para além da participação no ARCHÉ durante o Doclisboa, da residência artística em Lisboa e da participação no MÁRGENES/WORK, os residentes também participarão no seminário internacional Doc’s Kingdom que, tal como o programa Arché, é organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário.

A organização do programa de residências sublinha a importância do projecto, afirmando que o “RAW continua a consolidar-se como um espaço de criação e uma plataforma chave para os novos talentos do cinema ibero-americano, nomeadamente para propostas com uma visão artística e autoral forte e coerente com os tempos que vivemos.”

PROJECTOS SELECCIONADOS

CRIAÇÃO

Marea roja | Natalia Labaké, Argentina

Las palabras | Paolo Tizón, Perú

La calle de las luciérnagas | Juan Álvarez, Uruguai, Espanha

CRÍTICA E INVESTIGAÇÃO

Buti I Marc Torres, Espanha

Olhares eróticos: Crítica feminista diante do sexual no cinema brasileiro I Barbara Bello, Brasil

La educación sentimental en el cine de Lourdes Portillo I Arantxa Luna, México

TALENTO IBERO-AMERICANO

A selecção inclui alguns dos talentos emergentes do novo cinema ibero-americano:

Em Marea roja, Natalia Labaké — realizadora cujas obras passaram por diversos festivais, incluindo o International Film Festival of Rotterdam (IFFR) e o Festival Internacional de Cine de Mar del Plata — aborda temas políticos, sociais e ambientais a partir de uma investigação científica na Argentina dos anos 1990. O arquivo audiovisual de Hugo, um biólogo marinho que desapareceu durante a investigação, serve como ligação entre um passado de esperança e um presente distópico, marcado pela precariedade e fragilidade das instituições. Dissolvendo as barreiras entre realidade e ficção, o filme tenta resgatar uma memória colectiva de um mundo onde as políticas libertárias procuram apagar o passado.

Com Las palabras, o peruano Paolo Tizón — cuja obra Vino la noche estreou no Festival de Karlovy Vary, ganhando o Prémio Especial do Júri e o Prémio FIPRESCI na secção “Próxima” — apresenta um relato híbrido sobre a forma violenta da evangelização cristã, onde as formas modernas de espiritualidade e religião do Perú contemporâneo colidem.

La calle de las luciérnagas, de Juan Álvarez, propõe uma reflexão sobre o tempo subjectivo da intimidade. Marcado pela perda e pelo amor, o realizador vai tecendo fragmentos de histórias, num jogo de ligações que relacionam o tempo desejado com o tempo que julgamos ter perdido. A partir da imagem poética dos pirilampos de Pasolini, que, em 1975, escreveu um artigo em que o desaparecimento destes insectos é metáfora para a mudança social e política pela qual passava a sua Itália natal, este filme explora o poder sugestivo do tempo pessoal e a relação entre sonho e realidade.

Na vertente de crítica e investigação, são participantes do programa Arantxa Luna, guionista e crítica de cinema mexicana, com o projecto La educación sentimental en el cine de Lourdes Portillo, onde, a partir da análise dos aspectos formais da obra da cineasta mexicana, se reflecte sobre a prática do cinema documental latino-americano contemporâneo; o espanhol Marc Torres Vallverdú, com Buti, onde se explora a relação entre os cineastas Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, e a aldeia homónima, na Toscânia, relacionando a sua prática cinematográfica com a história regional, a literatura e as tradições de teatro locais, com as quais estabeleceram um diálogo permanente; e a crítica, programadora e realizadora audiovisual brasileira Barbara Bello, que revê, no seu projecto Olhares eróticos: crítica feminista diante do sexual no cinema brasileiro, a partir de uma perspectiva de género, os olhares eróticos heterogéneos presentes no cinema brasileiro dos anos 1970 e 80.

 

UM PROGRAMA ÚNICO

O RAW é um programa de desenvolvimento criativo e de formação inovador, focado em projectos audiovisuais de carácter autoral, com um foco especial em projectos de não-ficção e experimentais. Conta, também, com um programa dedicado à formação de jovens investigadores e críticos de cinema de não-ficção, com o objectivo de promover o diálogo entre a investigação e as práticas audiovisuais contemporâneas.

Apresentando-se como uma iniciativa única, onde a criação, a investigação e o pensamento crítico convivem com a profissionalização do sector, o RAW estimula o desenvolvimento artístico dos projectos, promove a partilha de conhecimento e fomenta a inter-relação entre a produção e a investigação, através de uma miríade de actividades. Para além disso, facilita o contacto com profissões do sector, numa lógica de networking, favorecendo tanto o acesso de projectos ao mercado, como a coprodução cinematográfica entre países iberoamericanos.

Em edições anteriores, o RAW Criação contou com a participação, entre outros, das argentinas María Aparicio (vencedora do Prémio de Criação Audiovisual La Casa Encendida em 2019, com Sobre las nubes, e cujo novo filme Las cosas indefinidas participou no FID Marseille este ano), Agustina Comedi (selecionada nos festivais IDFA, BAFICI e Mar del Plata e vencedora de um Condor de Prata da Associação de Críticos de Cinema Argentinos) e Natalia Garrayalde (Esquirlas, apresentado em numerosos festivais internacionais); do boliviano Diego Mondaca (beneficiário do World Cinema Fund da Berlinale e realizador do filme Chaco, apresentado em vários festivais internacionais); do uruguaio Álex Piperno (cujos filmes foram vistos em festivais como Cannes, Berlinale e New Diretors/New Films); do dominicano Nelson Carlos de los Santos (selecionado em Locarno, FID Marseille, New York Film Festival e Mar del Plata); da panamiana Ana Tejera (cujo filme Panquiaco estreou no Festival de Roterdão); do peruano Diego Bedoya Abad; do espanhol Alberto Dexeus; da dominicana radicada em Espanha Génesis Valenzuela (vencedora ex aequo do Prémio de Melhor Projeto em Desenvolvimento MÁRGENES/WORK 2022 por Tres Balas, vencedora do Open Doors Locarno e selecionada para o Fórum de Co-Produção Europa-América Latina no Zinemaldia 2023); da experiente cineasta espanhola Pilar Monsell; dos brasileiros Pedro Maia de Brito e Ralph Antunes; e do mexicano Eduardo Makoszay.

Em anos anteriores, na categoria de investigação e crítica, foram seleccionados os seguintes nomes: Miguel Zozaya (Espanha), Lucía Salas (Argentina) – que agora fazem parte da equipa de programação do Festival Punto de Vista –, Cristina Rubio (Espanha), Pedro Tinen (Brasil), Nicolás Carrasco (Peru), Adrián García Prado (Espanha), Francisco Míguez (Brasil), Karina Solórzano (México), Bibiana Rojas (Colômbia), Salvador Amores (México), Mariana Souza (Brasil), Lautaro García Candela (Argentina), Lorenna Rocha (Brasil) e Alonso Aguilar (Costa Rica).

Todos os anos, um grupo heterogéneo de profissionais do sector — artistas, cineastas, investigadores e gestores culturais — é responsável por acompanhar e aconselhar os projectos, em formato de tutoria. Ao longo de cinco edições, fizeram parte deste grupo de tutores e especialistas personalidades da indústria como Andrés Duque, Lola Mayo, Paz Garciadiego, Matías Piñeiro, Manuel Asín, Sonia García López, Elena Oroz, Virgina García del Pino, João Salaviza, Mercedes Álvarez, Paula Astorga, Pamela Bienzobas, Santi Fillol, Luciano Barisone, Cintia Gil, Chema González, Gustavo Fontán, Beli Martínez, Renée Nader Messora, Nicolas Pereda, Vasco Pimentel, Helena Girón, Tiago Hespanha, Federico Windhausen, e Gudula Mainzolt.

APOIOS

O RAW é um projecto promovido pela Apordoc – Associação Portuguesa pelo Documentário e pela Cine en Ruta (Espanha), contando com o apoio do Programa Ibermedia. O MÁRGENES/WORK conta também com o apoio dos programas de ajuda à criação e à mobilidade por parte da Câmara Municipal de Madrid e de La Casa Encendida, ao passo que o ARCHÉ tem o apoio do ICA — Instituto do Cinema e Audiovisual.

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