O Museo Reina Sofía, o Doclisboa e o FIDMarseille anunciaram os vencedores das bolsas para as Residências Joaquim Jordà, orientadas para cineastas e artistas que trabalham no campo do ensaio cinematográfico, do cinema experimental e, em suma, nas manifestações que moldam o cinema de não-ficção. O objectivo deste programa, que presta homenagem ao cineasta espanhol Joaquim Jordà (1935-2006), é incentivar o desenvolvimento de projectos cinematográficos no domínio do cinema de não-ficção.
Os bolseiros das Residências Joaqum Jordà (2022-2023) são:
Leandro Listorti (Argentina, 1976)
Um projecto que visa traçar a contra-história do cinema através de uma relação intuitiva e sensível com a natureza, a paisagem, e o território. Listorti investiga o passado do cinema utilizando a mesma memória material deste meio, a partir de imagens de arquivo em formatos desactualizados, e, sob a sua investigação, coloca-se a questão de como o cinema contemplava a natureza e a terra numa relação para além da linguagem de dominação e controlo da modernidade. Ao fazê-lo, o projecto de Listorti traz um conjunto de futuros brilhantes e comoventes para o cinema.
Elise Florenty (França, 1978) e Marcel Turköwsky (Alemanha, 1978)
Ao longo da sua obra cinematográfica, Elise Florenty e Marcel Türkowsky têm vindo a explorar os contextos sócio-políticos e históricos através do prisma de estados de consciência alterados (loucura lúcida, alucinações, sonhos), expondo frequentemente a multiplicidade do eu através de uma espiral de metamorfoses que questionam a nossa relação com o Outro. O seu novo projecto combina investigação antropológica, poesia e crítica geopolítica, e investiga as origens de Fouquieria columnaris, uma árvore do Deserto de Sonora com significados simbólicos malignos partilhados tanto pela literatura (Lewis Carroll) como pelos mitos indígenas (a comunidade Comcáac). A árvore representa o fim e o começo de uma nova vida.