PRÉMIOS 19º DOCLISBOA 

Competição Internacional

 

Grande Prémio Cidade de Lisboa para Melhor Filme da Competição Internacional
918 Nights, de Arantza Santesteban

A directora constrói um filme pessoal e político, provocando e comovendo com a honestidade e a subtileza do seu olhar. A obra reflecte sobre a resistência a diferentes sistemas de controlo sobrepostos e fá-lo propondo dialécticas que questionam um entendimento redutor das formas de identidade.

Prémio Canon do Júri da Competição Internacional
O Lugar Mais Seguro do Mundo
, de Aline Lata, Helena Wolfenson

Existe um compromisso político e social para com a comunidade e sobretudo para com o protagonista pelo cuidado com que se acompanha e denuncia a sua situação ao longo de vários anos. A obra luta contra a indiferença do extractivismo humano e ambiental enquanto mostra a importância de preservar os lugares naturais e emocionais.

Menção Honrosa 
Public Library, de Clément Abbey

Destacamos a capacidade do cineasta de encontrar as redes que ligam estranhos num lugar presumido como individualista. Public Library recorda-nos de re-imaginar o espaço público, celebrando o quotidiano íntimo de uma comunidade.

 

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Competições Portuguesa e de Curtas-Metragens

 

Prémio HBO Portugal para Melhor Filme da Competição Portuguesa
Distopia, de Tiago Afonso

O filme não se bate apenas contra a gentrificação que transforma a cidade, mas também contra a gentrificação das mentes, das imagens e da forma do cinema.
Por ter encontrado a distância justa para retratar a luta de uma comunidade pelos seus direitos, distinguimos unanimemente, Distopia, de Tiago Afonso, com o Prémio HBO Portugal para Melhor Filme da Competição Portuguesa.

Prémio Sociedade Portuguesa de Autores do Júri da Competição Portuguesa
Meio Ano-Luz, de Leonardo Mouramateus

Pela simplicidade e subtileza narrativas com que o filme ilumina uma esquina lisboeta cheia de História o júri decidiu atribuir em unanimidade  o Prémio Sociedade Portuguesa de Autores a Meio Ano-Luz, de Leonardo Mouramateus.

Prémio Escolas ETIC para Melhor Filme da Competição Portuguesa
Distopia, de Tiago Afonso

Esta competição foi uma viagem que começou com uma curta de um olhar íntimo de relação entre mãe e filha e terminou numa carta, de pai para filha, que evoluiu e se transformou num retrato geracional sobre migração. Foi uma escolha muito difícil, entre curtas e longas, todas excelentes, cada uma com a sua visão única e importância social.
O filme que destacamos, nas próprias palavras do realizador, nasce no activismo e as suas imagens são consequência da acção tomada. Um trabalho de vários anos que é um retrato e uma crónica de sofrimento contínuo e presente, causado pela gentrificação da cidade do Porto, cujas imagens e estrutura levam a uma necessidade de acção por todos o que o experienciam. É por estas razões que decidimos entregar o Prémio Escolas ao Distopia do Tiago Afonso.

 

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Competição Transversal

 

Prémio Revelação – Prémio Canais TVCine para Melhor Primeira Longa-Metragem (mais de 60’) de uma selecção transversal a todas as secções, excepto retrospectivas e Cinema de Urgência
You Are Ceausescu to Me, de Sebastian Mihăilescu

Há três anos, vim ao Doclisboa e a Lisboa pela primeira vez num dos anos em que fui programadora convidada da Quinzena de Documentários do MoMA. Nesse ano, descobri alguns filmes que incluí no programa de Fevereiro de 2019. Um foi uma curta daqui, 24 Memórias por Segundo, onde aparecia o Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, onde arquivistas discutiam a forte ligação das pessoas com as máquinas com que trabalham e preservam as imagens em movimento, onde se mantêm vivos o património cultural e a memória.

Há uma relação entre esta ideia de os fotogramas cinematográficos revelarem um momento específico da história – de quem somos, o que pensámos e sentimos – e o nosso filme vencedor, You Are Ceausescu to Me. Neste documentário experimental da Roménia, o realizador, Sebastian Mihăilescu, apresenta jovens actores contemporâneos romenos que encenam elementos da história do seu país dos quais podem nunca sequer ter ouvido falar, recriando cenas da vida de Nicolae Ceausescu, chefe de estado da Roménia de 1967 até à sua execução em 1989.

Entrecortado com os jovens a revezarem-se na interpretação do papel de Ceausescu em diferentes cenários, o filme usa uma quantidade considerável de material de arquivo em montagens rápidas de fotografias e vários documentos, dando aos espectadores mais algum contexto histórico das histórias representadas. Considerámos este filme um modo muito inovador de juntar forma e narrativa e uma maneira original de apresentar esta memória cultural romena específica.

Menção Honrosa
The Spark, de Valeria Mazzucchi, Antoine Harari

Pelo ritmo e energia das sequências, pelas cenas de conflito policial, por nos sensibilizar para o tema crucial do ambiente e nos apresentar um caminho alternativo. Para mais aqui, em Lisboa, onde o problema da habitação é um tema em voga. A menção honrosa é para The Spark, de Valeria Mazzucchi e Antoine Harari.

Prémio Volvo para Melhor Curta-Metragem (até 40’) de uma selecção transversal a todas as secções, excepto retrospectivas e Cinema de Urgência
Gargaú, de Bruno Ribeiro

Pelo uso de registros pessoais armazenados num telemóvel num tempo de tristezas e despedidas, este filme promove um reencontro de pessoas e lugares com os seus arquivos e caminhos atravessados por vacas, bicicletas e inventividade. Por esta razão  o filme escolhido para o Prémio Volvo de Melhor Curta-metragem do Doclisboa 2021 é Gargaú de Bruno Ribeiro.

Menção Honrosa
Avenuers (ep. 3), de Roberto Santaguida

Um filme atemporal que não hierarquiza os temas e não reinventa a roda.

Prémios Lugares de Trabalhos Seguros e Saudáveis – Prémio Agência Europeia para a Segurança no Trabalho para Melhor Longa-Metragem de Temática Associada ao Trabalho de uma selecção transversal a todas as secções, excepto retrospectivas e Cinema de Urgência.
Yoon, de Pedro Figueiredo Neto, Ricardo Falcão

Pela concentração e confiança em poucos elementos essenciais que nos falam de uma viagem em que a distância não pode ser vencida, mas apenas atravessada, o tempo se transforma num espaço a preencher e o maior desafio é não se perder na própria mente; pela forma como dá corpo a uma crença renovada no poder político de um estilo conciso e elíptico; pela sua valente tentativa cinematográfica de contar uma história que tantos vêm vivendo e tão poucos vêm contando.

Prémio Fundação INATEL para Melhor Filme de Temática Associada a Práticas e Tradições Culturais e ao Património Imaterial da Humanidade, de uma selecção transversal a todas as secções excepto retrospectivas e Cinema de Urgência
Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero

Um filme em contínuo, como são os abusos que continuam a contar, hoje, a mesma história de há 500 anos: uma história de ocupação e de extermínio. Uma viagem pelo território para a reconstrução de uma cartografia que um povo luta por não deixar desaparecer da sua memória colectiva. Não são necessários artifícios. À câmara basta a realidade que se atravessa à sua frente. A de uma guerra em curso, desigual e sem fim à vista, denunciada neste filme de resistência em que os protagonistas reivindicam o direito a contar a sua própria história, na sua língua: a língua do povo tikmũ’ũn. “Essa terra é nossa!”, repetem neste filme que se impõe tanto enquanto gesto político como artístico. Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero. 

Prémio Fernando Lopes – Prémio Midas Filmes e Doclisboa para Melhor Primeiro Filme Português
Sounds of Weariness, de Taymour Boulos

O prémio distingue um filme de cariz experimental que reflecte uma atitude criativa arriscada e original no tratamento de imagens e sons. Ao mesmo tempo, esse trabalho experimental não exclui, antes intensifica, uma vibração humana que transporta emoções muito particulares, capazes de envolver o espectador.

Prémio do Público- Prémio Jornal Público para Melhor Filme Português Transversal a Competições, Riscos, Heart Beat e Da Terra à Lua 
Alcindo, de Miguel Dores

 

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Competição Verdes Anos

 

Prémio ADU para Melhor Filme dos Verdes Anos
Late August, de Federico Cammarata, Filippo Foscarini

O Prémio para Melhor Filme dos Verdes Anos é para Late August, pela observação paciente da natureza na Sicília a nível da imagem e do som. Os autores deixam o público com imagens fortes, ora belas, ora perturbadoras. O filme abre discussões sobre a relação entre os realizadores e as pessoas, animais e natureza que os rodeiam, não só causando impressões estéticas, mas também levantando questões éticas.

Prémio Especial Irmalucia do Júri Verdes Anos
In Spite of Ourselves, de Olatz Ovejero, Clara López, Aurora Báez and Sebastián Ramírez

O Prémio Especial Irmalucia do Júri Verdes Anos é para um filme ousado mas paciente, que mistura cinema directo, imagens cuidadosamente compostas e materiais de arquivo de forma harmoniosa. Aquilo que mais apreciámos foi a coerência do filme e a inspiração dos realizadores para abordar um tema actual de forma subtil e convincente. O prémio é para In Spite of Ourselves.

Prémio Pedro Fortes para Melhor Filme Português nos Verdes Anos,
Meia-Luz, de Maria Patrão

O prémio Pedro Fortes para Melhor Filme Português nos Verdes Anos vai para Meia-Luz, de Maria Patrão, um filme inspirado pelas imagens que ela descobriu na escola de cinema de Jaime, o primeiro filme de António Reis. Apreciamos neste filme um olhar atento sobre o cinema de António Reis, mas sobretudo sobre o cinema em si, através da aparente simplicidade com que nos mostra as imagens e os sons, os silêncios e a luz, por exemplo.

Menção honrosa do Prémio Pedro Fortes para Melhor Filme Português nos Verdes Anos
Fora da Bouça, de Mário Veloso

Fora da Bouça apresenta uma canção de forma poética e ao mesmo tempo faz-nos pensar sobre o modo como a memória configura as nossas mentes.

 

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Prémios Arché

 

Prémio RTP para Melhor Projecto em Fase de Montagem ou Primeiro Corte
Under the Flags, the Sun, de Juan José Pereira

O júri decidiu atribuir o Prémio RTP de acordo com a fase actual de produção dos projectos após dialogar com a direcção do Festival. Depois de uma avaliação cuidada e de encontros com os realizadores, concordámos que este projecto se encontra numa fase suficientemente avançada para receber o Prémio para Melhor Projecto em Fase de Montagem ou Primeiro Corte. Trata-se de um projecto entusiasmante, que ajuda a explicar uma parte pouco conhecida, mas muito importante da história, analisando material de arquivo raro e difícil de encontrar. Além disso, incorpora de forma criativa a própria indisponibilidade de muitas destas filmagens na própria história, questionando a fiabilidade de relatos históricos e da memória. O Prémio RTP é para Under the Flags, the Sun, de Juan José Pereira (Paraguai, Argentina).

Prémio McFly – Prémio Especial do Júri Arché para um Projecto em Fase de Montagem ou Primeiro Corte 
Handycam, de Francisco Bouzas

O Prémio McFly é para um projecto ousado e poderoso, que muito literalmente dá voz aos marginalizados e invisíveis, aos incompreendidos e negligenciados. As duas personagens maravilhosas do filme têm a oportunidade de se representarem – e às suas comunidades e redondezas – nos seus próprios termos e o espectador tem a oportunidade de reflectir sobre o papel e a importância das imagens em movimento no tempo presente de uma perspectiva raramente explorada. O Prémio McFly é para Handycam, de Francisco Bouzas (Argentina).

Prémio Selina para Melhor Projecto em Fase de Escrita ou Desenvolvimento
BEA VII, de Natalia Garayalde

O Prémio Selina é para um projecto de uma força rara e profunda sobre uma personagem que é arrancada do seu ambiente natural e acaba do outro lado do mundo num momento muito específico da história. Conjugando um testemunho na primeira pessoa (oriundo de material de arquivo) com entrevistas, conta uma história complexa em que o pessoal, o político e o histórico estão indissociavelmente entrelaçados: BEA VII, de Natalia Garayalde (Argentina).

Prémio Escola das Artes Universidade Católica Portuguesa Especial do Júri Arché para Melhor Projecto em Fase de Escrita e Desenvolvimento
As Mulheres do Pau-Brasil, de Thais de Almeida Prado

O Prémio Especial do Júri Arché para um Projecto em Fase de Escrita ou Desenvolvimento é para um projecto divertido que aborda questões sérias com muito coração e alma. Emprega métodos não convencionais para explorar histórias bastante pessoais, mas com que nos podemos relacionar, centradas em questões actuais como identidade de género, orientação sexual e respectiva representação num contexto muito específico, o que apenas sublinha a sua universalidade. O Prémio Escola das Artes, Universidade Católica Portuguesa é para As Mulheres do Pau-Brasil, de Thais de Almeida Prado (Brasil).

Menção Especial
Orlando Furioso, de Rafael Ramirez

O júri decidiu entregar uma menção especial, de modo a dar visibilidade e colocar no mapa um cineasta de uma imaginação extrema, cuja história familiar é intrinsecamente cinematográfica e gostaríamos muito de ver no grande ecrã. Temos a certeza de que os contrastes e especificidades apaixonantes desta narrativa, associados à perspicácia e talento do realizador, resultarão numa experiência de visionamento original e gratificante. A menção especial é para Orlando Furioso, de Rafael Ramirez (Cuba, Equador).

 

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Prémios Nebulae

Prémio DAE de Estímulo ao Talento
Be Realistic, Demand the Impossible
de« Vanja Juranic
Produção: Vanja Jambrovic, Tibor Keser – Restart (Croácia)
Prémio Pitch the Doc 
Underground Top Charts
de Lidija Špegar
Produção: Nenad Puhovski, Factum (Croácia)

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